Missões Empresariais em tempos de pandemia?

A oportunidade e interesse na expansão internacional por parte das empresas leva à necessidade de organizar missões empresariais aos mercados selecionados de forma a prestar apoio à internacionalização. Contudo, se há pouco mais de 1 ano era habitual que se realizassem estas deslocações presenciais de forma a promover momentos de networking entre as empresas, a pandemia de COVID-19 trouxe uma nova realidade e desafios acrescidos. A realidade do teletrabalho instalou-se, mas as necessidades das empresas não desapareceram numa economia fechada e torna-se urgente encontrar alternativas para as reuniões presenciais com potenciais parceiros. Por isso, de forma a ser possível contornar isso e contrariar a estagnação da economia nacional é necessário criar novas oportunidades de exportação de bens e serviços para as PMEs. Através de um novo contexto de trabalho em que as pessoas se habituaram à comunicação online, as missões empresariais virtuais permitem criar fluidez nos contactos com empresas internacionais ajudando as PMEs nacionais a diversificar mercados

As missões virtuais empresariais têm exatamente o mesmo objetivo que as missões empresariais presenciais, que tiveram que ser substituídas pelas viagens internacionais estarem condicionadas, tendo como foco criar oportunidades de exportação para as pequenas e médias empresas em Portugal. A ideia destas missões é que os agentes se encontrem com potenciais compradores ou outros agentes, participem em visitas ao local e em quaisquer eventos em rede. Os potenciais compradores, agentes, distribuidores e parceiros são muitas vezes obtidos antes de cada missão, através de preparação prévia e cuidada, proporcionando aos intervenientes a melhor oportunidade de construir relações comerciais.

A verdade é que estabelecer contactos de qualidade no mercado externo é a melhor forma de proporcionar às empresas oportunidades de negócios em várias áreas, contrariando a estagnação da economia nacional. Assim, estas empresas podem reunir com importadores e distribuidores (reuniões B2B) com objetivo de encontrar potenciais clientes, reunir informações sobre o setor, expandir o seu canal de negócios. Estas ajudam a nível de aconselhamento, a colmatar lacunas de informação entre novos mercados e clientes, a melhorar desempenhos de exportação. Parte do que acontece nas missões comerciais tradicionais pode ser replicado através de plataformas online. 

Missões Empresariais em tempos de pandemia_

 

Na preparação de uma missão virtual importa sempre ter em consideração quem será o público-alvo. Existem algumas questões práticas que devem ser consideradas, nomeadamente:

  • Escolher a plataforma a utilizar, pois o que pode ser comumente utilizado num mercado pode não o ser noutro. Entre as plataformas mais utilizadas estão o Zoom, Microsoft teams, Google Meet e Skype;
  • Testar a plataforma com um colega, nomeadamente questões de áudio, vídeo e partilha de ecrã;
  • Utilizar uma apresentação de apoio;
  • Ir além da apresentação comercial;
  • Pensar em formas criativas de promover a interação;
  • Ter atenção à cor, tipo de letra e design da apresentação;
  • Incluir informação pertinente e não sobrecarregar a apresentação;
  • Direcionar a informação para o público-alvo;
  • Falar de forma calma e ter atenção ao tom de voz; 
  • Tentar não promover uma apresentação muito longa;
  • Ter atenção à imagem de fundo e escolher um local calmo para fazer a apresentação;
  • Não demonstrar insegurança e reagir com naturalidade se ocorrerem imprevistos.

 

Como vantagens destas missões virtuais destaca-se a poupança de recursos (a nível monetário e de tempo), sendo mais rentáveis e acessíveis para pequenas empresas que não dispõem de tantos recursos para estadias prolongadas noutros mercados. Além da maior possibilidade de participação, outra vantagem é a flexibilidade de agenda que o online permite. Mesmo no contexto pós-missão, a possibilidade de gravação do áudio/vídeo, partilha de documentos e a construção de redes com mais participantes constituem também vantagens. Uma notável desvantagem é a perda dos momentos “entre” as reuniões (perda de proximidade no contacto), as conversas casuais de receção ou num intervalo para café. Também estas atividades acrescentam valor e permitem sinergias essenciais, ao unir as pessoas e criar uma experiência mais interligada. O eventual atraso nos agendamentos, devido às dificuldades inerentes das plataformas e a possibilidade de participação de um elevado número de intervenientes que pode condicionar a qualidade das interações constituem também desvantagens. 

As missões empresariais abrem portas a empresas de via rápida para dialogar com as empresas certas e, igualmente importante, com os indivíduos certos numa só viagem. É importante notar que o investimento agora em missões empresariais virtuais pode ser compensador no futuro, para preparar terreno para missões comerciais pós-covid-19. No final de contas, estas missões têm como objetivo principal promover o comércio e, à medida que as instituições e empresas se vão adaptando a esta nova realidade podem compreendê-las melhor com a experiência: como substituições temporárias, como alternativas baratas e acessíveis, como componentes mais pequenas numa gama mais ampla de estratégias de promoção comercial. É necessária a cooperação internacional para o comércio fluir, ao aumentar a confiança nos mercados globais, não definir barreiras comerciais, pensar sempre a longo-prazo. 

 

Rita Piloto   Liliana Silva

Rita Piloto e Liliana Silva,

Knowledge & Training Unit, Market Access

 

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